Mito: A maior parte das pessoas que fizeram cirurgia bariátrica irão recuperar o peso perdido.
Verdade, é um fato que a cirurgia bariátrica não pode ser considerada uma vacina contra a obesidade e que existe um risco de recuperar o peso perdido após a cirurgia. No entanto, a maior parte das pessoas submetidas a cirurgia apresentaram sucesso na perda de peso em longo prazo. Em uma revisão sistemática e metanálise que inclui mais de 50 estudos com seguimento de longo prazo, concluiu-se que a perda do excesso de peso após 10 anos varia entre 48,4% a 71%. Essa variação depende do tipo de cirurgia que o paciente foi submetido. É importante ressaltar que o seguimento contínuo com equipe multidisciplinar contribui muito com os resultados positivos da cirurgia.
Mito: A cirurgia é o caminho fácil. Para perder peso, as pessoas com obesidade precisam apenas fazer dieta e se exercitar.
Verdade, indivíduos com obesidade são muito resistentes à perda de peso através de intervenções não-cirúrgicas. Para indivíduos com obesidade em níveis avançados (IMC >35) é muito raro se alcançar perda expressiva de peso com manutenção a longo prazo. Nosso organismo é muito resistente a perda de peso e frente a um balanço energético negativo reduz expressivamente nosso gasto energético e aumenta o impulso para comer, através do aumento da fome e diminuição da saciedade (ver porque é tão difícil perder peso).
Por outro lado, a cirurgia bariátrica é uma estratégia segura e eficaz para a perda de peso. Após a cirurgia existe um rearranjo dos hormônios que regulam a fome e a saciedade e o metabolismo energético. Assim mesmo diante de uma perda expressiva do peso, o metabolismo energético não diminui, temos menos fome e saciedade precoce e aumentada (ver como a cirurgia funciona).
Também é importante ressaltar que a cirurgia não minimiza a necessidade de esforços individuais, como a prática de atividades físicas e uma dieta baseada em escolhas saudáveis, para otimizar os resultados em relação a perda de peso. No entanto, o fato de vermos resultados positivos expressivos com a cirurgia é um fator motivacional importante para seguirmos firmes com essas mudanças no estilo de vida. Assim, não podemos considerar a cirurgia como um caminho fácil. No entanto, a cirurgia possibilita alcançarmos resultados positivos e duradouros dos nossos esforços individuais.
Mito: A cirurgia bariátrica é perigosa e o risco de morrer é alto.
Na verdade, a chance de morrer após uma cirurgia bariátrica é extremamente baixo. A taxa de mortalidade atualmente reportada após a cirurgia bariátrica chega a 0.1%, comparável com outros procedimentos corriqueiros, como remoção cirurgica da vesicula biliar e cirurgia para o Refluxo Gastroesofágico.
A ampla utilização da laparoscopia (cirurgia através de pequenas orifícios de alguns milímetros), a maior experiência dos cirurgiões com esses procedimentos e avanços tecnológicos nos equipamentos utilizados contribuíram para tais resultados.
Por outro lado, os riscos de permanecer com obesidade em estágios avançados são muitos maiores do que de ser submetido a cirurgia. Aqueles que apresentam o peso 2x maior que o considerado normal tem chances 10x maior de morrer que indivíduos com peso adequado. Já os pacientes que realizam a cirurgia bariátrica apresentam chance 56% menor de morrer de infartos do coração, 92% menor de morrer de diabetes e 60% menor de morrer de câncer.
Mito: Não faz diferença o tipo de cirurgia que eu serei submetido.
Verdade, existem diferentes modelos de cirurgia bariátrica e metabólica com resultados e efeitos colaterais distintos. A avaliação do melhor tipo de cirurgia deve ser feita de forma individualizada e levar em consideração uma série de fatores como peso, idade e presença de doenças associadas como diabetes.
Assim se você conhece alguém que fez a cirurgia e não alcançou os resultados esperados ou apresenta efeitos colaterais desencorajadores, não significa que a mesma coisa irá acontecer no seu caso. Outro fato importante é que algumas técnicas de cirurgias que produziam muitos efeitos colaterais têm sido paulatinamente abandonadas.
Mito: A cirurgia bariátrica tem finalidade cosmética. Assim não tem cobertura pelo plano de saúde.
Verdade, a sua aparência irá apresentar grandes mudanças após a expressiva perda de peso que sucede a cirurgia, no entanto os benefícios mais importantes da cirurgia não são cosméticos.
A cirurgia vai permitir que você viva mais e melhor, levando uma vida mais ativa e saudável. Além disso, é muito provável que ocorra uma melhora substancial das doenças associadas a obesidade, como hipertensão e diabetes. Isso significa que você vai precisar de menos remédios diariamente e terá uma chance menor de apresentar complicações de saúde relacionadas a essas doenças. Por conta disso, a cirurgia tem cobertura pelos planos de saúde, desde que o paciente se encontre nos critérios formais de indicação.
(ver quem pode fazer a cirurgia bariátrica).
Mito: Muitos pacientes se tornarão alcoólatras após a cirurgia bariátrica.
Verdade, apenas uma pequena parcela dos pacientes submetidos a cirurgia bariátrica relatam problemas com álcool. E a maioria desses pacientes já apresentavam uso abusivo de álcool antes da cirurgia. No entanto, após a cirurgia, pode-se notar uma maior absorção e sensibilidade ao álcool com doses menores em comparação ao período antes da cirurgia. Assim aconselha-se evitar o consumo de álcool, principalmente na fase de perda de peso acelerada e estar atento ao fato de que os efeitos tóxicos do álcool podem se manifestar com doses menores que o habitual de antes da cirurgia.
Mito: Todos os pacientes que foram submetidos a cirurgia possuem deficiências graves em vitaminas.
É verdade que as cirurgias bariátricas podem levar a deficiências de vitaminas, em especial aquelas que envolvem desvios intestinais. No entanto, ao realizar o seguimento pós-operatório adequado, tais deficiências podem ser prevenidas e/ou tratadas através de orientações nutricionais e suplementação quando necessário. Problemas de saúde secundários a deficiências de micronutrientes e vitaminas costumam ocorrer apenas em pacientes que não realizam seguimento adequado com equipe multidisciplinar. Outro fato importante é que as cirurgias com grandes desvios intestinais que apresentavam maior incidência de deficiências nutricionais estão sendo progressivamente abandonadas pelos seus efeitos colaterais.