O excesso de peso durante a infância e a adolescência continua sendo uma das questões vitais na saúde global. Estimativas recentes sugerem que 40 milhões de crianças menores de 5 anos e mais de 330 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos apresentam sobrepeso ou obesidade. A principal causa dos índices crescentes de obesidade infantil está relacionada a mudanças no padrão de dieta, favorecendo uma dieta com alta densidade energética e rica em gorduras e açúcares mas com baixos teores de vitaminas, minerais e outros micronutrientes saudáveis associado a uma tendência à diminuição de atividade física.
O excesso de peso durante a infância tem importantes consequências a curto e a longo prazo. No curto prazo, as crianças com sobrepeso ou obesidade são mais propensas a sofrer de comorbidades psicológicas, como depressão, ansiedade, baixa autoestima, e uma série de outros distúrbios emocionais e comportamentais associado a fatores de risco metabólicos e cardiovasculares como pressão alta, dislipidemia e diabetes. Além disso, são frequentes problemas músculo-esqueléticos, especialmente nas extremidades inferiores. A longo prazo, o excesso de peso durante a infância aumenta o risco de desenvolver uma série de doenças associadas a obesidade (ver riscos e comorbidades). Além disso, há evidências de que cerca de três quartos das crianças com sobrepeso ou obesidade carregam esse status na idade adulta. A forte persistência do status de sobrepeso e a baixa eficácia dos tratamentos disponíveis destacam a urgente necessidade de prevenir o sobrepeso e a obesidade no estágio mais precoce possível da vida.
As políticas nutricionais voltadas a prevenção da obesidade infantil devem promover um crescimento saudável. Mensagens que promovam a prevenção do ganho excessivo de peso podem dar a impressão de que as crianças devem ser restringidas no que comem, em vez de incentivadas a comer saudavelmente. A densidade de nutrientes é uma característica importante da ingestão alimentar durante a infância. Embora as demandas de energia para crianças atinjam os níveis de adultos em média aos 12 anos de idade, suas necessidades de nutrientes para promover um crescimento adequado, bem como a proporção da energia consumida, são maiores do que as de adultos durante grande parte da infância e adolescência. As crianças precisam de alimentos ricos em nutrientes, em vez de alimentos de alta densidade energética.
As políticas alimentares voltadas a prevenção da obesidade infantil devem integrar ferramentas educacionais para pais, cuidadores e educadores assim como medidas públicas para desencorajar o marketing e a comercialização de alimentos de baixo valor nutricional para crianças. A seguir listamos algumas medidas com potencial para ajuda no combate dessa epidemia.
- Controle do marketing de alimentos e bebidas não saudáveis para crianças;
- Reformulação de rótulos nutricionais para que ofereçam informações claras e compreensíveis a respeito do valor nutricional dos produtos;
- Subsídios alimentares para produtos saudáveis e impostos mais rígidos sobre produtos não saudáveis destinados ao mercado infantil;
- Iniciativas para aumentar a disponibilidade e consumo de frutas e vegetais em escolas e em casa;
- Políticas que incentivem a realização de atividade física;
- Campanhas de marketing para conscientização da população em relação a hábitos saudáveis de dieta e prática de atividade física;
- Fornecimento de aconselhamento nutricional a mulheres grávidas, novos pais e cuidadores;
- Educação nutricional para crianças nas escolas;
- Habilitação de professores e cuidadores em educação alimentar.